Migadamiga

sexta-feira, 11 de julho de 2008

“No vai e vem das paixões, dos relacionamentos,
o que fica é a liberdade de se sentir o que se quer e com quem se quiser!”

Não. Essa frase não é minha. Pertence à minha querida Mara, que encerrou brilhantemente um post seu desta forma. Eu, que só o li ontem, ao final da tarde, pensei imediatamente em escrever sobre o assunto. Mas desisti. Como não gosto de teorizar aqui, prefiro aguardar as boas histórias. E, graças a mim e aos diabinhos reais e imaginários que me acompanham, elas acontencem sempre. O texto abaixo (que não é ficção) figura bem o que penso sobre a dualidade no sexo e a liberdade de sentir, tão bem formulada na frase da Mara.
O sexo, para mim, é dual. Em todos os sentidos, gostos e pessoas envolvidas nessa dualidade.
Também é amor. E aqui também há dualidade. Há o amor dos amorosos, dos que se amam, no sentido mais comum e romântico da palavra. E, há também o amor dos amantes. Daqueles que se amam - ainda que por instantes - no auge do desejo. Duas formas diferentes de amar. Não ignoro e nem elimino da minha vida nenhuma delas.
Sei que o tema é polémico. Não estou aqui a fazer campanha pelo meu modo de pensar. Respeito todas as formas (dos pervertidos aos secantes), desde que a pessoa se sinta bem com a sua escolha. Assim como eu. Essa é a minha forma. Só isso.

NOTA DE ESCLARECIMENTO (o texto abaixo precisa!)
A fidelidade nunca fez parte do jogo de palavras que compõem os meus relacionamentos. Outras combinam melhor (amor, cumplicidade, companheirismo, humor, desejo, sensibilidade, compreensão, parceria…). Fidelidade não, lealdade sim. Depois do meu “quase casamento“, há sempre um diálogo muito franco sobre os meus desejos e os dos meus parceiros, e a possibilidade de os concretizar (com a participação ou não de ambos).
Há dois anos (quase o mesmo tempo do meu actual relacionamento) que não surgia ninguém que me despertasse qualquer vontade para avançar. Como, para mim, o sexo vai além de um simples orgasmo (isso obtenho com muito sucesso, sozinha...), passei pelo estranho e atípico período de monogamia… Passei. Passado.
Recentemente, um rapazito chamou a minha atenção. Na verdade, antes dele inteiro, a boca e as suas idéias - a sua forma de ver e reagir à vida…. Eu e essa terrível mania de ter tusa por cérebros!... O facto é que ele ocupa os meus pensamentos em algumas manhãs, tardes e noites.


Terça-feira, 8 de Julho de 2008.
O trabalho foi ignorado - às 15h30 - desde que, num vestígio trapaceiro da memória, me lembrei da boca do rapazito, que brincou no meu corpo há poucos dias. Depois de tentativas frustradas de a esquecer, fui para o meu sofá e rendi-me à memória.
Pouco. Precisava de mais. Às 22h00 abri o espanhol Diego de Almagro, de uma colheita menos boa, ainda herança do Natal. Já à frente do monitor e de uma página do word, fiz uma tentativa frustrada de recuperar o tempo que me foi roubado à tarde, taça do lado esquerdo do computador, garrafa do lado direito. Em busca da palavra ideal para dar sequência a um texto, os meus olhos foram de encontro à descrição do vinho, na garrafa: Vinho Tinto Seco, elaborado com uvas de variedade Tempranillo, de cor vermelha com tons rubi brilhantes. Boa intensidade aromática de caráter frutal. Paladar marcante e equilibrado.
Cor vermelha, tons rubi brilhantes, boa intensidade, aromas, paladar marcante e equilibrado.
Meia garrafa depois, ouvindo Led Zeppelin, estas palavras fizeram uma festa no meu pensamento. Essa seria uma boa descrição para a noite, se o “rapazito” estivesse por perto. Paralisia novamente. Trabalho esquecido pela segunda vez.

22h22, e envio um e-mail:
Assunto: Vontade…
Mensagem: …de te comer inteiro hj.

22h44, resposta:
Vê só o que é a sintonia! 22 minutos depois estou no msn e no hotmail e estou com a mesma vontade. Muita aliás. Só é pena não estares on.

- Agora estou on.
- Eu imaginei que estarias.
- Queria comer-te. Estou doida por ti hoje.
- Eu também estou com tesão.
- Queria-te agora como na outra noite. Queria a tua boca na minha, a tua língua pelo meu corpo; Lembras-te daquela noite?
- Lógico que lembro. Uma delícia.
- Pensei em ti a tarde toda….. ou melhor, em ti não, no teu pau.
- Foi?
- Foi. Quero-te... mas sem namoricos. Entendes? Não quero namorar contigo. Já tenho namorado. Quero usar-te…. lol… Deixas-me usar-te?
- Eu adoraria ser usado…..lol…
- Deixas-me chupar-te quando tiver vontade? Como quase fiz naquele dia, naquele café?
- Naquele dia não houve tempo para nada. Nem para o café.
- Não, mas foi melhor assim. Deixas-me ser a tua puta? Quero ser a tua puta.
- Vou adorar ter a minha putinha particular.
- Vais fazer o que quiseres? O que tiveres vontade? Vais-me tratar como tua puta?
- Vou.
- E o que vais fazer mais?
- Vou te comer como deve ser, pôr-te de quatro, agarrar nessa bundinha linda, engolir-te, gozar forte nessa tua carinha angelical….
- É? E vais deixar-me fazer o que eu quiser também?
- Vou…..
- Vou-te oferecer uma amiga de presente. Para comeres as duas.
- Posso comê-la à tua frente?
- Podes.
- Também a queres comer?
- Claro.
- Posso te ligar, deixa-me ligar-te!...

Uma garrafa de vinho depois, muitas delícias ditas, e muitos orgasmos sentidos, um "boa noite" carinhoso, "dorme bem", "vemo-nos em breve”.

Quarta-feira, 9 de Julho de 2008. 07h50.
Toca o telefone.
- Oi amor, estás acordada?
- Não…… que pergunta! E a maldição concretiza-se novamente… Ligar-me de madrugada!
- Deixa de ser preguiçosa! São quase oito horas da manhã! Não dormiste, foi?
- Dormi muito bem. Estou de ressaca. Bebi uma garrafa de vinho da treta e diverti-me sozinha, já que tu não estavas aqui. Azar o teu. Agora estás aí, com a disposição dos que não bebem, não fumam e não trucam. Isso até devia ser proibido!
- Sei, com quantos “príncipes encantados” te divertiste ontem?
- Com vários. Não te conto por que te causaria uma inveja tremenda. Queres mesmo saber? Olha que eu conto! Adorava contar-te as minhas safadezas noturnas.
- Vou dispensar o conhecimento e ficar na ignorância das tuas orgias independentes. Prefiro as nossas.
- Não enjoas, tu? Depois de quase dois anos?
- Vais ver do que enjoei….. Fica ai, vou ligar-te para o móvel. Não desligues o fixo!!!!
- Tás louco? Eu é que bebo e tu é que ficas com a torta? Para quê dois telefones?
- Cala a boquinha, cala…. Atende o telemóvel.
- Ok. Até pareço um teletubbie com as orelhas grandes, com os dois telefones.
- Tás a oubir os dois?
- Estou…..
- Fica ai… vou pôr uma música para ouvires.
- E demoras muito? Vou buscar um café….
- Já tens a porcaria do café? Isso ainda vai te matar!
- O café não me mata…. Preciso dele para começar a pensar……
- Quieta. Quero comer-te ao som de Chopin.
- Chopin? Que sintonia…..
- Da música?
- Não. Do sexo à distância, por telefone.
- Porquê, tens feito muito?
- Não, só ontem. Queres ouvir….!!!???
- Não. Sabes tratar bem das tuas carências. Agora trata das minhas. Puxa a cuequinha para o lado, puxa. Faz o que eu mando.

Uma chávena de café depois, muitas delícias ditas, muitos orgasmos sentidos, um “bom dia” amoroso, e “vemo-nos amanhã”.

Nesta dualidade - de intenções, de amores e de prazer - a melhor definição de sexo e amor, para mim, está numa frase de Simone de Beauvoir, que este ano completa o centenário de seu nascimento.

" Ser livre é querer a liberdade dos outros ."

Esta é a minha visão do sexo. Leal, respeitosa e com amor (em suas diferentes formas).
Pronto…. Podem chicotear-me nos comentários…

terça-feira, 8 de julho de 2008

O meu ex-namorido (mistura de namorado e marido), defendia a tese de que todas as mulheres tinham o pé no lesbianismo. Era só ter uma hipótese… uma oportunidade…. ou coragem!
Na época, eu batia o pé (na verdade ele estava a mandá-las verdes para apanhar maduras… queria mesmo era ver a minha reação para conseguir dormir comigo e outra tipa - o velho fetiche dos homens!), na maioria das vezes, achava os argumentos dele engraçados e até convincentes. Embora na hora H, mesmo, não significassem muita coisa.
Grande parte tinha pouca ou quase nenhuma relação com o sexo em si: as mulheres gostam do cheiro das mulheres, as mulheres (se não estiverem apaixonadas) geralmente preferem a companhia das mulheres, olhamos para o rabo, o peito e outras partes do corpo das nossas “amigas”, geralmente quando vamos sair arranjamo-nos mais para as outras mulheres do que para os nossos respectivos companheiros, etc. etc.
Bom, sabemos que tudo isso tem a sua parcela de verdade, mas daí a afirmar que todas as mulheres nascem lésbicas, vai muita diferença. O facto é que essa discussão (que durou cinco anos e não lhe rendeu a oportunidade que tanto desejava), me chamou a atenção para os meus próprios desejos.
Sempre soube que as mulheres me atraíam , mas não que isso tivesse relação com minhas preferências sexuais. Excitava-me o corpo feminino - mas era só. E fazendo uma análise do passado, um retrocesso à infância, recordei que o meu primeiro beijo na boca foi com as minhas primas! Sim, “ensaiando”. Mas, ainda sim, foi bemmmmm real… para um ensaio..!
Depois disso e em toda a fase da adolescência, nem sequer pensei no assunto (embora me recorde que a minha mãe achou que eu e a minha melhor amiga éramos próximas demais. Na realidade, era um relacionamento possessivo, de ciúmes de melhor amiga. Mas, novamente, não tinha absolutamente nada de sexual).
Já “casada”, a mania dele por pornografia (especialmente de miúdas com miúdas) despertou-me o interesse por entender melhor esse desejo. A minha única certeza era que, de vez em quando, excitava-me pensar em mulheres na hora do sexo. Mas, nunca ousei achar que fosse mais que isso. E nunca sequer ele soube disso. Se soubesse estava perdida. Ele não desistiria…
Durante o tempo que durou o relacionamento, o que era uma idéia remota passou a ser um desejo. A verdade é que ele contribuiu para isso. E, fazendo um mea culpa aqui, nunca fui muito adepta da monogamia, o que me abriu um leque de idéias na cabeça. Os dois relacionamentos extra-conjugais que tive foram com homens. Até que o desejo passou a dominar os meus pensamentos. Parece maluquice. Passei bem uns três anos só a pensar nisso. Até que um dia tive que olhar para o espelho e dizer: Ok, está na hora de saber o que é que rola!
Como nunca fui medrosa e sempre fui um tiquinho impulsiva, um belo dia inscrevi-me num site desses, para conhecer meninas. Frequentei vários sites. E, depois de algum tempo, a possibilidade de encontrar alguém interessante (e que não me achasse uma tola, afinal, eu nunca tinha me envolvido com mulheres), era praticamente remota.
Até que um dia apareceu uma miúda. Linda, mesmo nível cultural, inteligente, interessante, morava perto do meu trabalho e melhor: também nunca tinha tido qualquer experiência com mulheres. Era perfeito demais. E era real. Depois de dois meses de troca de emails (que não eram sobre sexo, o assunto girava sempre em torno da curiosidade de saber como era), resolvemos encontrar-nos. Fomos almoçar juntas.
No dia, embora ela seja fisicamente muito bonita, não me despertou grande atenção sexual (não sei se foi medo ou típico físico mesmo), mas, era tão perfeita que decidi seguir adiante. Estava envolvida com a história e o meu desejo falava mais alto. Não rolou absolutamente nada (obviamente, as duas tinhamos receios). Mas, marcamos um segundo encontro. Desta vez, no apartamento dela. Saí do trabalho e fui decidida a resolver a “questão”.
Cheguei lá, ligamos a TV, conversamos, vimos fotos, e ela falou, falou, falou. Eu pensei: “Bem, estamos aqui para conversar ou para saber como é?”. Tenho que confessar que, embora eu seja bem “mulherzinha” (no sentido de ser feminina), me senti um verdadeiro gajo. Eu tinha que ter a iniciativa. E tive.
Rolaram váriosssssssss beijos. Mãos, seios, mas sexo mesmo, nada! Eu tinha que ir embora. Ficamos de marcar um novo encontro. Eu ia dormir em casa dela. A história não foi para a frente, não passou daí por vários motivos (que só eles dariam um post), mas o facto é que finalmente e, pela primeira vez, comecei a descobrir um mundo novo. Totalmente excitante. Tive outras experiências - e, aí sim, com sexo -, ainda morando com o ex. O relacionamento acabou (não por isso, é claro), e ele nunca soube.
Nesta questão, sou completamente grata a ele. As brincadeiras deram-me coragem de pensar num assunto “totalmente proibido”, mas que estava ali, guardadinho, na minha caixa de desejos. Mesmo depois de ter tido algumas experiências e não poder mais negar para mim mesma que na realidade eu tinha era muito tesão por meninas, passei ainda uns três anos achando-me completamente heterossexual.
Não sou. Hoje, posso dizer, com toda a tranquilidade, que sou bi e que algumas (e não qualquer mulher) mulheres me atraem. Mas, esse foi um processo loooooooongo.
E, então, todas as mulheres têm um pé no lesbianismo?

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Este blog é a resposta ao desafio que a nossa amiga misteriosalua me lançou. (chamar desafio a um grito desesperado de pedido de reforços, é simpático, não é?...)
Os habitantes do bairro onde ela mora já se conhecem, eu própria, como leitora assídua e silenciosa, já os vou conhecendo. Serei a recém-chegada, certa de que serei bem recebida...
Com o que for escrevendo, passarão a conhecer-me também. Espero não chocar ninguém, espero não ferir susceptibilidades, mas serei egoísta ao ponto de usar este meu apartamento para expandir o que cá vai dentro, que tão raramente deixo transparecer...
Quem quiser colocar bolinha vermelha e esquecer que este apartamento existe, não fará parte de qualquer lista negra. Prometo que no blogue do Tóne, os conteúdos serão diferentes...Até breve...